O primeiro papa norte-americano traz ao Vaticano uma trajetória missionária e um olhar atento aos desafios do nosso tempo.
No dia 8 de maio de 2025, a fumaça branca anunciou ao mundo a eleição do novo papa: Leão XIV. Nascido Robert Francis Prevost, em Chicago, nos Estados Unidos, ele se tornou o 267.º pontífice da Igreja Católica, sucedendo o Papa Francisco após seu falecimento em abril do mesmo ano.
Sua eleição representa não apenas uma continuidade pastoral, mas também uma abertura a novos diálogos em um mundo em constante mudança.
Com cidadania norte-americana e peruana, Leão XIV é o primeiro papa dos Estados Unidos e o primeiro pertencente à Ordem de Santo Agostinho. Seu nome pontifício homenageia Leão XIII, reconhecido por sua atuação em defesa dos trabalhadores e da justiça social no final do século XIX — uma escolha simbólica que já indica o tom de seu pontificado.
Uma vocação cultivada na missão
Robert Prevost nasceu em 1955, em uma família católica da cidade de Chicago. Ainda jovem, ingressou na vida religiosa e se formou em matemática antes de iniciar seus estudos em filosofia e teologia. Foi ordenado sacerdote em 1982 e, desde então, construiu uma trajetória marcada pelo serviço missionário, sobretudo na América Latina.
Durante mais de uma década, atuou no Peru, especialmente na região de Trujillo, onde coordenou missões, formou novos religiosos e se dedicou ao contato direto com comunidades carentes. Seu espanhol fluente e sua sensibilidade pastoral conquistaram a confiança dos fiéis e do episcopado local.
Posteriormente, foi nomeado bispo de Chiclayo, permanecendo próximo às realidades sociais do povo peruano, com atenção especial às causas dos pobres e dos marginalizados.
Esse perfil missionário e pastoral foi decisivo para sua aproximação com o Papa Francisco, que o chamou ao Vaticano em 2020 para colaborar com a Congregação para os Bispos. Já em 2023, Prevost foi nomeado prefeito do então recém-criado Dicastério para os Bispos, assumindo uma das funções mais relevantes da Cúria Romana.
O início de um pontificado promissor
A eleição de Leão XIV foi recebida com entusiasmo e curiosidade. Com 69 anos, é considerado um papa moderadamente jovem, com energia e experiência para conduzir a Igreja diante dos desafios atuais. Logo em sua primeira homilia como pontífice, destacou a importância da reconciliação, do diálogo e da dignidade humana como pilares do seu ministério.
Sua escolha pelo nome Leão XIV não foi apenas uma homenagem ao passado. Como Leão XIII enfrentou os impactos da Revolução Industrial, Leão XIV se propõe a refletir sobre a Quarta Revolução Industrial — marcada pela inteligência artificial, automação e transformações profundas no mundo do trabalho.
A defesa da ética, da solidariedade e do cuidado com os mais vulneráveis tem sido, desde o início, a marca de seu discurso.
Outro gesto simbólico foi seu retorno ao Palácio Apostólico, uma escolha que remete a um estilo mais tradicional, mas sem abrir mão do espírito pastoral iniciado por seu antecessor. Leão XIV também afirmou seu apoio ao processo sinodal iniciado por Francisco, destacando a importância de escutar leigos, mulheres e jovens para a construção de uma Igreja mais participativa e acolhedora.
Entre continuidade e renovação
O novo papa tem equilibrado o respeito às tradições da Igreja com sinais de abertura ao diálogo e à escuta. Em seus primeiros compromissos diplomáticos, recebeu líderes políticos e religiosos de diferentes origens, incluindo o presidente da Ucrânia, Volodímir Zelenski, e a presidente do Peru, Dina Boluarte.
Também já se manifestou sobre temas sensíveis, como mudanças climáticas, pobreza estrutural e exclusão digital.
Observadores do Vaticano apontam que seu pontificado deve seguir o caminho da escuta e da misericórdia iniciado por Francisco, mas com uma atenção especial à formação de lideranças. Como prefeito do Dicastério para os Bispos, Prevost acumulou grande conhecimento sobre o perfil necessário para os novos pastores da Igreja.
Espera-se que sua experiência nesse campo fortaleça a seleção de bispos preparados para os desafios contemporâneos, com sólida espiritualidade e profundo senso de missão.
Uma Igreja para o mundo de hoje
A missão de Leão XIV é exigente. A Igreja Católica vive um momento de grandes transformações, tanto internas quanto externas. Questões como secularização, desigualdade, polarização ideológica e a busca por relevância em meio a tantas vozes exigem uma liderança serena, firme e visionária.
Até aqui, o novo papa tem demonstrado justamente essas qualidades. Sua simplicidade, somada à formação intelectual e à vasta experiência missionária, indicam um pontificado voltado para o essencial: o Evangelho, os pobres, a paz e a esperança. O mundo assiste com atenção aos primeiros passos desse novo capítulo na história da Igreja.
Uma homenagem no Dia do Papa
Todos os anos, no dia 29 de junho, a Igreja celebra o Dia do Papa, data que coincide com a solenidade de São Pedro e São Paulo. É um momento de oração, respeito e apoio ao sucessor de Pedro — aquele a quem cabe o desafio de conduzir a barca de Cristo pelos mares turbulentos da história.
Neste ano, essa data ganha um significado ainda mais especial. Leão XIV inicia seu pontificado com o coração aberto ao mundo, convidando todos à reconciliação e à esperança.
Ao homenagearmos o novo papa neste mês de junho, renovamos nosso compromisso com os valores evangélicos e com a missão de construir uma Igreja viva, próxima e fiel ao amor de Cristo.
